Deus Existe
Tema da Série: Grandioso és Tu!
Começaremos uma série de mensagens sobre “Deus” e para isso refletiremos sobre a doutrina de Deus, conhecida por teontologia, “o estudo do ser de Deus”. Refletiremos em assuntos como:
1. Deus existe? Posso realmente conhecer Deus?
2. Em que sentido Deus é diferente de nós?
3. Em que sentido Deus é igual a nós?
4. Como Deus pode ser três pessoas e, todavia, um só Deus? Como isso tem aplicação para a minha vida?
5. Deus realmente criou o mundo? Como? Por que?
6. Qual é o grau de controle de Deus sobre a criação? Se Deus controla todas as coisas, como podem nossas ações ter significado real?
7. Por que Deus quer que oremos? Como podemos orar de modo eficaz?
8. Por que Deus criou os anjos e demônios? Qual a nossa relação com esses seres espirituais?
Propósito: Conhecer a Deus por meio da Sua Palavra para poder cultuá-Lo, honrá-Lo, obedecê-Lo e desfrutar de todas as bênçãos que o conhecimento de Deus traz àquele que o possui.
Sentir: Alegria, paz, segurança e santo temor através de um conhecimento verdadeiro de Deus por meio da revelação especial.
Agir: Despertar o interesse de se conhecer mais a Deus por meio da revelação bíblica, falar de Deus para outras pessoas, obedecer à medida que conhece o caráter e a vontade de Deus e demonstrar coerência com o conhecimento que possui de Deus com a prática da vida cristã no dia a dia.
Texto: Gn 1.1
Introdução
Deus existe? Como posso saber disso? Se Deus existe como Ele é? É possível conhece-Lo? Como?
Muitas teorias tentam explicar Deus:
· O ateísmo não afirma nada. Simplesmente nega o que o teísmo confessa. O ateísmo diz: “Deus não existe”. A Bíblia fala: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.2).
· O politeísmo pressupõe a existência de muitos deuses. A existência de uma só divindade é declarada pelo próprio Deus: “Olhai pra mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra; porque eu Sou Deus, e não há outro” (Is 45.22).
Muitos dizem que nós, os cristãos, somos politeístas, pois afirmamos que Jesus e o Espírito Santo são deuses. O fato é que existe um único Deus formado por três pessoas distintas e cada pessoa é plenamente Deus. Veremos isso mais adiante.
· O materialismo diz que Deus e a matéria se confundem. Reverenciar a matéria: a terra, a água, os seres vivos, as plantas e o próprio homem é o mesmo que reverenciar a Deus. Gênesis deixa claro que a criação é distinta do criador. “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1)
· O Dr.William Lane Craig dá 6 argumentos a favor da existência de Deus:
o O Argumento da Contingência, que defende que Deus é a melhor do por que existe alguma coisa ao invés de nada.
o O Argumento Cosmológico Kalam, que argumenta que Deus é a melhor explicação para a origem do universo em algum momento do passado finito. (Deus trouxe o universo à existência do nada)
o O Argumento do Design que defende que Deus é a melhor explicação para o incrível ajuste fino das condições iniciais do universo para a existência de vida inteligente.
o O Argumento Moral, de que Deus é a melhor explicação para a existência de valores e deveres morais objetivos no mundo.
o O Argumento Ontológico que argumenta que a própria possibilidade da existência de Deus implica sua existência e que portanto se Deus é ao menos possível então ele conclui que Deus existe.
o O Argumento da experiência pessoal com Ele, como um tipo de crença propriamente básica. Da mesma forma como sabemos que o mundo externo existe, que o passado é real, eu posso saber que Deus existe desta mesma forma, imediata, sem interferências.
Apresentarei três verdades a respeito da existência de Deus baseado na Bíblia:
1) Deus está presente no senso interior de cada homem
Ecl 3:11
Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
a. A consciência interior do descrente
Todos tem um profundo senso interior de que Deus existe e que é o criador delas. Paulo diz que os descrentes gentios conheceram a Deus, mas “não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças” (Rm 1.21). Além desse texto, Romanos 1.25 diz que “trocaram a verdade de Deus pela mentira”, sugerindo que eles rejeitaram de forma ativa e intencional alguma verdade que conheceram a respeito da existência e do caráter de Deus.
A Bíblia reconhece que algumas pessoas negam esse senso interior de Deus e até que Deus existe. É o tolo, que diz em seu coração: “Deus não existe” (Sl 14.1). O pecado conduz as pessoas a pensar irracionalmente e a fazê-las negar a existência de Deus. As pessoas negam a existência de Deus geralmente por dois motivos, esse pensamento:
· Libera-as para fazerem os seus próprios deuses, a seguirem as suas próprias regras;
Jer 9:6
Vivem no meio da falsidade; pela falsidade recusam conhecer-me, diz o Senhor.
· Livra-as de um dia ter de prestar contas de suas ações.
b. A consciência interior do crente
A consciência interior de Deus se torna mais e mais forte na vida do cristão e cada vez mais distinta. “Começamos a conhecer Deus como nosso amoroso Pai celestial (Rm 8.15); o Santo Espírito testemunha com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16); e passamos a conhecer Jesus Cristo vivo dentro de nosso coração (Fp 3.8,10; Ef 3.17; Cl 1.27; Jo 14.23). Essa consciência é tão forte que passamos a amar a Jesus embora nunca o tenhamos visto (1Pe 2.8).
2) Deus está revelado na criação e nas Escrituras
a. A Revelação Geral
Uma pessoa pode saber que Deus existe e conhecer alguns dos seus atributos mesmo sem ter o conhecimento da revelação especial, ela precisa apenas observar a si mesma e ao mundo que a rodeia. A Bíblia diz que “os céus declaram a glória de deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Sl 19.1). Grudem (p.58) declarou que até mesmo “aqueles que, por sua impiedade, suprimem a verdade, não podem evitar as evidências da existência e da natureza de Deus na ordem da criação”. Romanos 1.19-21 diz: “Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato dele obscureceu-se”. Pela criação podemos mostrar que o homem sente a necessidade de se comunicar com um ser superior (a alma de todos anseiam por Deus), a natureza mostra que só pode ter sido feita por um ser superior e poderoso.
b. A Revelação Especial
O primeiro versículo da Bíblia afirma a existência de Deus e começa imediatamente nos dizendo o que Ele fez: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Se estamos convencidos que a Bíblia é a Palavra de Deus, então sabemos pela própria Bíblia não somente que Deus existe, mas também conhecemos muito sobre sua natureza e seus atos.
De acordo com Gênesis 1.1 Deus é a origem de tudo, “no princípio Deus”, ele é um Ser poderoso que pensa, que é ativo, criativo e soberano, “criou os céus e a terra” – fez do jeito que quis, na hora que quis, porque quis. Quando olhamos o homem criado a imagem e semelhança de Deus podemos perceber que tal criatura viva, incrivelmente intrincada, cheia de habilidades e comunicativa só poderia ter sido criada por um Deus infinito e cheio de sabedoria[1]
Grudem diz que quando cremos que Deus existe, baseamos nossa crença não em alguma esperança cega independente de qualquer evidência, mas na esmagadora e confiável evidência retirada das palavras de Deus e das suas obras.
Uma vez sabendo que Deus existe, é possível conhece-Lo? Quem Deus é para você?
No seu livro: Seu Deus é pequeno demais (Editora Mundo Cristão), J.B.Phillips destaca alguns conceitos comuns mais distorcidos a respeito de Deus.
· Deus é um oficial de polícia celeste à procura de oportunidade para agarrar pessoas que estejam desviadas ou cometendo erros;
· Deus é um ser poderoso e que se compraz na miséria do homem;
· Deus é o diretor de uma empresa de seguros que presta o Seu serviço em troca dos dízimos dos crentes;
· Deus é um avô bondoso que deseduca os filhos. É um cavalheiro indulgente e gentil;
· Deus é um pai birrento e intransigente que fecha os ouvidos aos clamores de Seus filhos
· E para você quem Deus é?
3) Deus quer ser conhecido e desfrutado
a. Não podemos nunca entender Deus plenamente. Mesmo crendo na existência de Deus, será que é possível conhecermos plenamente a Deus? Podemos dizer que Deus é incompreensível? Incompreensível no sentido de que é “incapaz de ser plenamente entendido”? É incorreto dizer que Deus não pode ser entendido, mas que ele não pode ser plenamente ou exaustivamente conhecido. Vejamos alguns textos:
v Salmo 145.3: “Grande é o Senhor e digno de ser louvado; sua grandeza não tem limites”.
v Salmo 147.5: “Grande é o nosso Soberano e tremendo é o seu poder; é impossível medir o seu entendimento”. (Grande demais para ser comparado ou para ser entendido)
v Salmo 139.6: “Tal conhecimento é maravilhoso demais e está além do meu alcance; é tão elevado que não o posso atingir”.
v 1Co 2.10,11: “O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus [...] da mesma forma, ninguém conhece os pensamentos de Deus, a não ser o Espírito de Deus”.
v Rm 11.33: “Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos”!
Não somente é verdadeiro que jamais podemos entender Deus plenamente; é também verdadeiro que nunca podemos entender plenamente qualquer simples coisa a respeito de Deus. Sua grandeza (Sl 145.3), seu entendimento (Sl 147.5), seu conhecimento (Sl 139.6), suas riquezas, sua sabedoria, seus juízos e seus caminhos (Rm 11.33), todos eles estão além de nossa capacidade de entender plenamente. Assim, podemos conhecer alguma coisa a respeito de como o amor de Deus se relaciona com cada atributo de Deus e com cada coisa individual no universo, por toda a eternidade! Nunca poderemos conhecer os atributos de Deus de modo completo ou exaustivo.
Essa doutrina tem uma aplicação muito positiva para a nossa vida. Ela significa que nunca seremos capazes de conhecer “demais” a respeito de Deus, pois nunca poderemos exaurir as coisas que temos de aprender dele e, dessa forma, nunca nos cansaremos de ter prazer na descoberta infindável da sua excelência e da grandeza de suas obras.
b. Todavia, podemos conhecer Deus verdadeiramente. Nós podemos conhecer coisas sobre Deus que correspondem a realidade. De fato tudo o que a Escritura nos diz a respeito de Deus é verdadeiro. É correto dizer que Deus é amor (1Jo 4.8), que é luz (1Jo 1.5), que é espírito (Jo 4.24), que é justo (Rm 3.26), e assim por diante. Isso não quer dizer que sabemos tudo a respeito do amor, da justiça e de tantos outros atributos de Deus. O fato de dizer que tenho dois filhos não quer dizer que sei tudo a respeito deles, mas é verdadeira essa afirmação.
Muito significante também é o fato de que conhecemos o próprio Deus e não apenas fatos a respeito dele ou as ações que ele realiza. Fazemos distinção entre conhecer fatos e conhecer pessoas no uso comum em nossa língua. Você pode conhecer fatos a respeito de uma pessoa e não conhecer a pessoa.
Algumas pessoas acreditam que só podemos conhecer fatos a respeito de Deus. Mas a Escritura não nos fala desse modo. Diversas passagens falam de conhecermos o próprio Deus. Jeremias 9. 23,24 diz:
“Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me, pois eu sou o Senhor e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, pois é dessas coisas que me agrado”, declara o Senhor.
O Senhor é nossa fonte de alegria e não nosso conhecimento, ou força, ou riquezas, mas o fato de conhecê-Lo. Jesus disse certa vez: “Está é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17.3).
O fato de que realmente conhecemos a Deus é posteriormente demonstrado pela percepção de que a riqueza da vida cristã inclui o relacionamento pessoal com Deus. Como essas passagens sugerem, temos o privilégio muito maior que o de simplesmente conhecer fato a respeito de Deus. Falamos com Ele em oração e Ele nos fala por meio da Sua Palavra. Cantamos louvores ao Seu nome e sentimos Sua presença dentro de nós por meio do Seu Espírito Santo. De fato, esse relacionamento pessoal com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo podem ser considerados a maior de todas as bênçãos da vida cristã.
[1] Grudem, p.70.