Introdução
Autor
O Dr.Carlos Osvaldo (p.375 - Foco e Desenvolvimento do NT) diz que "a autoria paulina de Colossenses permaneceu praticamente inconteste até o século XIX. Embora sua atestação primitiva não seja dramática, autores do século II como Justino Mártir, Irineu de Lyon e Clemente de Alexandria usaram a carta e se referiram a ela como sendo paulina. Assim também fez Marcion, o herege, por volta do meio daquele século."
Ele também afirma que o fato de Filemon ser incontestavelmente paulina, menciona as mesmas pessoas citadas em Colossenses e é enviada à mesma cidade.
Data e Local de composição
Tognini no seu livro Janelas Para O Novo Testamento (p.215) diz que alguns críticos modernos acham que Efésios foi escrita em Cesareia, e que Filemom e Colossenses foram escritas em Éfeso. Mas isso não tem fundamento. As três epístolas formam um conjunto escrito em 59 d.C., ao passo que Filipenses foi escrita pouco tempo depois (talvez em 60 d.C.), mas todas em Roma, quando do primeiro aprisionamento de Paulo ali. Sigamos a argumentação apresentada pelo autor a esse respeito:
1. Colossenses e Filemom envolvem o escravo Onésimo. Ele residia com seu senhor, em Colossos. Onésimo fugiu, levando dinheiro de Filemom. Fugiu para Roma, onde podia perder-se nas multidões da capital. E foi em Roma que Paulo se encontrou com Onésimo.
2. Paulo foi aprisionado por várias vezes. Mas somente em Cesareia e em Roma teve tempo de escrever. Na saudação final em Colossenses, Paulo citou nomes de pessoas que estavam em
Roma: Aristarco, Marcos, Jesus, conhecido com Justo, Lucas, Epafras e Arquipo (4.10-17). E em Filemom 21-25, com pequenas variações, temos os mesmos nomes. Em Filemom 22 Paulo expressa o seu desejo ardente de visitar Colossos, a cidade de Filemom. Ora, Éfeso não preencheria essas condições.
3. Colossenses, Efésios, Filipenses e Filemom (e talvez Laodicenses) foram levadas por Tíquico, conforme deduzimos de Efésios 6.21, 22 e Colossenses 4.7,8.
4. Parece que Colossenses e Efésios (se esta corresponde à epístola de Laodiceia) eram cartas circulares, que deveriam ser lidas pelas igrejas da região (Cl 4.16).
Propósito
Na apostila de curso preparatório para obreiros da Igreja Presbiteriana do Brasil, diz Paulo recebera, na prisão em Roma, a visita de Epafras (1.7,8), provavelmente o pastor da igreja da cidade de Colossos (situada na Frígia, a apenas 11 km da rica Laodicéia, era uma cidade em decadência à época). Com certeza, ficara sabendo que um ataque terrível do inimigo estava ameaçando a igreja: uma filosofia que combinava elementos da especulação grega (2.4,8-10), com o legalismo judaizante (2.16,17), com o misticismo oriental (2.18,19). Para combater esse ensino pernicioso, Paulo, movido pelo Espírito de Deus, escreve esta carta apresentando os atributos do Senhor Jesus. Uma Cristologia clara e completa é o melhor antídoto à heresia!
A respeito da heresia em Colossos o Dr.Carlos Osvaldo C.Pinto apresenta o seguinte quadro (p.380 - Foco e Desenvolvimento do NT) :
Elementos | Filosofismo | Legalismo | Misticismo | Asceticismo |
Uso de argumentos persuasivos.Dualismo de matéria e espírito. Ênfase em princípios elementares. | Circuncisão. Leis alimentares. Observância de dias especiais para culto ou devoção. | Autodegra-dação. Mortificação. Adoração de anjos. Visões extáticas. | Abstinência sexual. Restrições alimentares. Restrições de contato. | |
Ataques | Ataca a doutrina da iluminação. | Ataca as doutrinas de reconciliação e identificação com Cristo. | Ataca a doutrina da união dos crentes com Deus. | Ataca a doutrina da santificação. |
Esboço do Livro
O Dr.Carlos Osvaldo, na sua brilhante obra, Foco e Desenvolvimento do NT nos fornece um esboço sintético do livro:
ESBOÇO SINTÉTICO
Mensagem
A superioridade e suficiência da pessoa de Cristo e de Sua obra como Cabeça da Igreja exigem dedicação exclusiva em atitude e ação.
I. Saudação (1.1-2).
II. O progresso e as perspectivas dos colossenses na caminhada cristã indicam verdadeira dedicação a Cristo (1.3-14).
A. O progresso deles na caminhada cristã é o motivo da gratidão de Paulo (1.3-8).
B. As perspectivas deles na caminhada cristã são o motivo da intercessão de Paulo (1.9-14).
1. Paulo pede a Deus que os colossenses tenham conhecimento espiritual da Sua vontade (1.9-10).
2. Paulo pede a Deus que os colossenses tenham força espiritual e gratidão pelas bênçãos recebidas em Cristo (1.11-14).
III. A grandeza de Cristo e a suprema importância da Sua mensagem exigem verdadeira dedicação a Ele, como o ministério de Paulo ilustra (1.15–2.5).
A. O caráter e a obra de Cristo são supremos em sua eficácia em favor do Universo e especialmente da Igreja (1.15-23).
1. A supremacia de Cristo se estende por toda a Criação (1.15-28).
2. A supremacia de Cristo se baseia na Sua natureza divina e na Sua obra reconciliatória (1.19-23).
B. O caráter e a obra de Cristo motivam a verdadeira dedicação de Paulo a Ele, exemplificada em seu ministério de levar a Igreja à maturidade (1.24–2.5).
1. A verdadeira dedicação de Paulo se expressava em seu esforço infatigável de apresentar o mistério aos gentios e de aperfeiçoar a Igreja (1.24-29).
2. A verdadeira dedicação de Paulo se expressava no seu zelo pela preservação da lealdade dos colossenses a Cristo (2.1-5).
IV. A superioridade da obra de Cristo sobre o sistema religioso que tanto atraía os colossenses exige total dedicação intelectual e religiosa a Ele (2.6-10).
A. Cristo é superior ao “filosofismo” porque apenas Ele possui verdadeira divindade e sabedoria (2.6-10).
B. Cristo é superior ao legalismo porque apenas Ele oferece um verdadeiro relacionamento com Deus por meio da fé (2.11-15).
C. Cristo é superior ao misticismo porque apenas Ele oferece verdadeira realidade espiritual (2.16-19).
D. Cristo é superior ao asceticismo porque apenas Ele oferece triunfo sobre a sensualidade (2.20-23).
V. A suficiência da obra de Cristo em favor dos cristãos exige sua dedicação exclusiva a Ele na sua vida prática (3.1–4.6).
A. Dedicação exclusiva a Cristo significa enfrentar a vida com uma perspectiva celestial (3.1-4).
B. Dedicação exclusiva a Cristo significa pureza pessoal à luz da nova posição em Cristo (3.5-11).
C. Dedicação exclusiva a Cristo significa relacionamentos interpessoais que são coerentes com a nova posição em Cristo (3.12-17).
D. Dedicação exclusiva a Cristo significa vida na comunidade sob Seu senhorio (3.18–4.6).
1. O senhorio de Cristo precisa ser manifesto na vida conjugal (3.18-19).
2. O senhorio de Cristo precisa ser manifesto na vida familiar (3.20-21).
3. O senhorio de Cristo precisa ser manifesto em relacionamentos de trabalho (3.22–4.1).
4. O senhorio de Cristo precisa ser manifesto em oração perseverante e sábio testemunho (4.2-6).
VI. Saudações finais – A supremacia de Cristo na vida dos companheiros de Paulo ilustra o tipo de dedicação exclusiva que Ele merece (4.7-18).
[1]Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso: Foco E Desenvolvimento No Novo Testamento; Foco No Novo Testamento. Hagnos; São Paulo, 2008; 2010, S. 389