DE ONDE VEM A CAPACITAÇÃO PARA O MINISTÉRIO?

A CAPACITAÇÃO DIVINA PARA O MINISTRO DO EVANGELHO É UMA DAS MANEIRAS DE FAZER A IGREJA VIVER DE FORMA COERENTE COM O SEU CARÁTER DE CASA DE DEUS E GUARDIÃ DA VERDADE DIVINA.

“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, a nossa esperança, a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, o nosso Senhor” (1.1,2 – NVI).

A epístola começa apresentando Paulo como o autor. “Tanto a tradição da igreja primitiva quanto as saudações nas próprias cartas pastorais confirmam Paulo como autor dessas missivas” [1]. O Dr.Carlos Osvado[2], afirma que a autoria paulina da epístola tem sido desafiada por quase dois séculos por críticos eruditos. Ele resume o estudo entre os argumentos prós e contras a autoria de Paulo[3].

Resumo dos argumentos a favor e contra a autoria paulina das epístolas pastorais:

Argumentos Históricos

As epístolas pastorais estão ausentes dos primeiros cânones, tais como o Apostolicon de Márcion, o de Taciano, e o de Basilides.

Estes homens eram hereges gnósticos e todos tinham “uma sardinha para onde puxar a brasa”(cf. 1Tm 6.20, onde Paulo alertou contra as falsas contradições do saber). Além do mais, os primeiros autores do segundo século citam as epístolas pastorais como Escrituras (veja data abaixo)

Argumentos Cronológicos

Os acontecimentos descritos nas epístolas pastorais não podem ser encaixados em qualquer período conhecido da vida de Paulo, conforme descrito em Atos, portanto são de origem pós-apostólica

Este argumento presume que Paulo foi executado ao final de sua primeira prisão em Roma (Atos 28). Entretanto, Filemom 22 indica sua esperança de libertação, e Filipenses 2.24 a dá como fato consumado. Além disso, a tradição crista primitiva assegura a libertação de Paulo (Clemente de Roma, Aos Coríntios é o mais antigo e crucial, já que fala da ida de Paulo para o extremo oeste, o que confirma Romanos 15.28).

Argumentos Eclesiásticos

As epístolas pastorais revelam uma igreja altamente organizada, com uma hierarquia muito avançada (bispos, presbíteros e diáconos)  para ter sido descrita por Paulo, e mais alinhada com um autor do segundo século (especialmente por causa do aparente papel de Timóteo e Tito como bispos monárquicos).

A hierarquia que encontramos nos escritos de Inácio é muito mais complexa do que a das epístolas pastorais, indicando um bispo residente por cidade. Nas pastorais, encontramos episkopoi e presbuteroi utilizados intercambiavelmente de acordo com o uso do próprio Paulo em Atos 20; Timóteo e Tito não tiveram episcopados vitalícios, mas posições transitórias como legados apostólicos.

Argumentos Doutrinários

Há uma ausência notável dos temos paulinos; além disso, há um grande número de ocorrências de palavras que sugerem que a doutrina cristã tinha sido codificada há muito tempo, o que aponta para uma autoria no segundo século; por último, o falso ensinamento atacado é a heresia gnóstica do segundo século.

Há temas paulinos nas epístolas pastorais (por exemplo justificação pela graça, por meio da fé, Tt 3.5); no que tange à aparente formalização da doutrina, o próprio Paulo falou acerca da fé em Gl 1.23, Fp 1.27, e Ef 4.5. o argumento de que Paulo estava combatendo o gnosticismo é respondido negativamente no fato de que não há um conteúdo definido desta suposta heresia exceto os mito judaicos (Tt 1.14), as genealogias (1Tm 1.3-7), e controvérsias vagas (1Tm 6.3-5). Mesmo que se argumente a presença de um sabor de gnosticismo, este não é mais desenvolvido do que aquele que Paulo enfrentou em Colossos, que é anterior às pastorais.

Argumentos Lingüísticos

Os problemas aqui são a ausência de palavras típicas de Paulo (preposições, pronomes e partículas), e a presença de nada menos que 175 hapax legomena (É uma palavra que ocorre apenas uma vez em cada registro da escrita de uma língua , as obras de um autor , ou em um único texto), alguns dos quais são encontrados na literatura do segundo século.

A ausência de certas palavras não é um argumento conclusivo, uma vez que várias dessas palavras também estão ausentes em livros reconhecidamente paulinos. A presença de tantos hapax legomena pode ser justificada pelo assunto diferente, pelo crescimento do vocabulário de Paulo, ou mesmo pelo uso de diferentes amanuenses. Os hapax legomena das Pastorais encontrados nos documentos do segundo século possuem uma freqüência tão baixa que não podem ser considerados um vocabulário típico do segundo século.

Para o Dr.Carlos Osvaldo (pg.428), com base nos argumentos acima, ninguém tem motivos justificáveis para não aceitar a autoria Paulina da epístola.

Na sua saudação Paulo apresenta a si mesmo como apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus. Apresenta Deus como nosso Salvador e a Jesus Cristo como nossa esperança e Senhor. Apresenta o destinatário, Timóteo, como seu verdadeiro filho na fé.

·      Paulo – apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus

·      Deus – nosso Salvador

·      Jesus Cristo – nossa esperança, nosso Senhor

·      Timóteo – verdadeiro filho na fé

Além das apresentações o apóstolo também saúda o seu filho na fé com “graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, o nosso Senhor”.

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por ordem de Deus.

Nome romano de SAULO, APÓSTOLO dos GENTIOS, o maior vulto da Igreja primitiva (At 13.9).  Israelita da tribo de Benjamim (Fp 3.5) e FARISEU (At 23.6), era cidadão romano por ter nascido em TARSO. Foi educado em Jerusalém aos pés de GAMALIEL (At 22.3; 26.4-5). De perseguidor dos cristãos (At 8.3), passou a ser pregador do evangelho, a partir de sua conversão (At 9). De Damasco foi à Arábia (Gl 1.17). Voltando para Damasco, teve de fugir (At 9.23-25). Em Jerusalém os cristãos tinham receio dele (At 9.26-28), mas Barnabé o levou aos apóstolos. Foi enviado a Tarso (At 9.30), e dali Barnabé o levou a Antioquia da Síria (At 11.19-30). Com vários companheiros Paulo realizou três viagens missionárias (At 13-20).

Em Jerusalém enfrentou a fúria dos opositores, indo parar em Cesaréia (At 21.17-23.35), onde compareceu perante Félix, Festo e Herodes Agripa II (At 24-26). Tendo apelado para o Imperador, viajou para Roma, onde permaneceu preso durante 2 anos (At 27-28);  v. os mapas das viagens missionárias de Paulo. Ali escreveu Ef, Fp, Cl e Fm, conhecida como as epístolas da prisão. Além disso escreveu mais nove cartas. Diz a tradição que foi libertado e realizou trabalhos missionários por mais 3 anos. Foi preso novamente e executado em Roma, provavelmente em 67 d.C., no tempo de NERO.[4]

Talvez a passagem que mais caracterize esse homem seja Atos 20:28, “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”

Paulo apresenta-se como apóstolo de Cristo Jesus. De acordo com Clarke[5], a palavra apóstolo significa literalmente, alguém que vai de um lado para o outro levando uma mensagem, sendo que tal não implica qualquer qualidade da pessoa ou da mensagem por ela enviada. Quando olhamos para o NT vemos essa palavra sendo utilizada àqueles que foram enviados expressamente por Deus com a mensagem da salvação para a humanidade.Foi por ordem expressa de Deus que Paulo foi pregar a doutrina da salvação pela fé em Jesus Cristo.  Paulo não foi um dos primeiros apóstolos. “Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu” (Mt 10.2-4) Apóstolo quer dizer "mensageiro", isto é, aquele que é enviado para anunciar a mensagem de Deus. É especificamente aplicado aos doze apóstolos de Cristo, e amplamente usado para alguns mestres cristãos eminentes como Barnabé, Timóteo e Silvano. A credencial dos apóstolos de Cristo são encontradas em Atos 1. 21-26. Eles deveriam ser homens que:

1. Acompanharam a Jesus todo o tempo em que ele andou na Terra(v.21):

2. Começando no batismo de João, até o dia em que foi levado às alturas.

3. Deveria ter sido testemunha da sua ressurreição (v.22).

Paulo também foi chamado de apóstolo. “ Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus.” 1 Co 15.9. O seu comissionamento se deu ao aproximar-se de Damasco. Diz o texto que subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e caindo por terra, ouviu uma voz.

A igreja foi fundada sobre os apóstolos e profetas, já que são eles que garantem os fatos históricos sobre os quais está alicerçada a nossa fé. Disso discorrem três pontos muito significativos[6]:

  1. Que a igreja só é igreja de Cristo enquanto for apostólica, isto é, enquanto seguir as normas doutrinárias e as práticas que lhe legaram os apóstolos.
  2. Que a inspiração do NT é igualmente apostólica. Cremos em Cristo assim como ele foi crido e interpretado pelos apóstolos e profetas. Nada pode exigir tão fortemente de nós o cumprimento da vontade de Cristo quanto a nossa obrigação de cumprir os ensinamentos dos escritores do NT.
  3. Que a comissão apostólica não pode ser transmitida a outrem. Não há, portanto, base alguma para a crença católico-romana de que há uma sucessão de homens que podem exercer a autoridade infalível dos primeiros apóstolos.

Outro fato importante dessa saudação de Paulo é que ele deixa claro que havia se tornado apóstolo por ordem de Deus. A palavra “ordem” vem do grego ‘epitagh e era usada para mandamentos reais que deviam ser obedecidos (Kelly [Série Cultura Bíblica])[7] Foi plano de Deus pra vida dele. Aquele que antes era perseguidor e insolente tornara-se apóstolo e grande pregador do evangelho de Deus. Ele não fez nada para que isso acontecesse, foi ação soberana de Deus em sua vida. Muitas pessoas buscam status, fama, poder, glória, e forçam situações para galgarem posições na vida, inclusive no âmbito eclesiástico. No caso de Paulo, Deus foi atrás dele e o comissionou e o designou como pregador e apóstolo. É o Espírito Santo que determina a função de cada um dentro do corpo. Não adianta querer ser algo que não foi chamado para ser. Muitos na época de Paulo auto intitulavam-se apóstolos e não eram (2Co 11.13).

Deus, nosso Salvador

O apóstolo Paulo enfatiza Deus como o Salvador. Essa palavra era utilizada pelos antigos a divindades, príncipes, reis e a qualquer pessoa que tivesse trazido algum benefício à sua nação. Deus é lembrado por Paulo como o libertador, salvador e preservador dos cristãos. Paulo não poderia ter começado melhor sua epístola à Timóteo. O jovem pastor, e discípulo de Paulo, estava incumbido de uma grande tarefa que veremos na próxima seção. A convicção do amor de Deus e a sua preservação aos santos serviriam de grande conforto e consolo a Timóteo que se via em meio a tantos problemas eclesiásticos. O mesmo Deus que o salvou também iria preservá-lo e assim também aos seus ouvintes.

Jesus Cristo, nossa esperança e nosso Senhor

Adan Clark diz que sem Jesus, o mundo estava perdido, a expectativa de ser salvos só pode vir para a humanidade por seu Evangelho. Ele é chamado a nossa esperança, como ele é chamado de nossa vida, nossa paz, nossa justiça, etc, porque com ele há esperança, vida, paz, justiça, e todas as outras bênçãos. A esperança que Paulo tinha não era um mero otimismo, mas uma certeza absoluta. Em várias partes da Bíblia a esperança é enfatizada e valorizada. Foi a esperança dos cristãos em Deus e nas suas promessas que fizeram com que sofressem perseguições com força e animo, crendo que o melhor ainda estava por vim. A vida cristã foi e será sempre marcada por lutas e oposições, tanto por parte de falsos mestres, como por parte do diabo, do mundo e de pessoas dentro das igrejas que não amam a sã doutrina. Ser fiel a Deus num mundo tão afastado dos Seus princípios pode ser perigoso para um servo de Deus e muito mais para um pastor sério que vai à contramão das tendências teológicas e dos aplausos barulhentos dos joios quando são açoitados pelos ventos de doutrina. A fidelidade a Deus não deve ser uma opção. Lembremo-nos que além de ser a nossa esperança, Ele é o nosso Senhor, ou seja, dono de tudo o que temos e somos, aquele que dirige e manda na nossa vida. Quem tem Jesus como Senhor só tem a opção de obedecer.

Timóteo, verdadeiro filho na fé

Timóteo morava em Listra, uma região da província da Galácia. Ele nasceu de um casamento misto, seu pai era grego e sua mãe judia. De acordo com o ensino judaico esse tipo de relacionamento era ilegal, mas era claramente praticado (o que não muda o fato de ser errado aos olhos de Deus). O nome da mãe de Timóteo era Eunice (2Tm 1.5). Timóteo foi criado pela influência das Escrituras hebraicas, por meio do ensino da mãe e dá avó Loide (2Tm 3.15; 1.5).

De acordo com o Dr.Carlos Osvaldo (pg.430) e sua leitura de Atos, ele sugere que Timóteo tenha sido convertido ao cristianismo durante a primeira viagem missionária de Paulo e muito provavelmente pelo próprio Paulo (cf. 1Co 4.17; 1Tm 1.2; 2Tm 1.2). Quando Paulo voltou para a Galácia, alguns anos mais tarde, Timóteo já era um jovem obreiro cristão reconhecido (Atos 16.2), e Paulo o tomou sob seu cuidado como companheiro de viagem, depois de tê-lo circuncidado (Atos 16.4). Parece que antes de partir em sua primeira viagem com Paulo, Timóteo foi “ordenado” pelos presbíteros da igreja de Listra (1Tm 4.14; 2Tm 1.6). Timóteo foi muito próximo de Paulo que por sua vez o utilizou em vários ministérios: Macedônia (Atos 19.22; Fp 2.23), Acaia (1Co 4.17), e Ásia (1Tm 1.3). Paulo desejava ter Timóteo ao seu lado no final de sua vida (2Tm 4.9).

O apóstolo Paulo se dirige a Timóteo como o seu verdadeiro filho na fé. “Desde que o pai de Timóteo era gentio e sua mãe judia, seu nascimento, de acordo com o ensino judaico, seria ilegítima, mas a sua relação filial com Paulo era genuína”[8]. Se os judeus não aceitavam Timóteo como irmão e filho verdadeiro e participante das bênçãos de Deus para Abraão, Paulo o aceitava como filho na fé, que é a verdadeira circuncisão e o único meio de se fazer parte da família de Deus em Abraão.

Paulo demonstra o desejo de que “graça, misericórdia e paz” estivessem com Timóteo. “A saudação graça (Gr. Charis) era o olá dos gregos. Mas significa receber o que não se merece. A salvação em Cristo é pela graça (Ef 2.8,9). Misericórdia (Gr. Eleos) significa não receber [a punição] que na verdade se merecia. Somente nas epístolas pastorais Paulo quebra seu padrão usual de saudar com a expressão graça e paz, incluindo, na saudação, também misericórdia...paz (Gr. Eirene) significa reunir o que foi separado. Cristo é a nossa paz (Ef 2.14), porque nos une a Deus”[9].

Esse desejo que Paulo tinha demonstra o cuidado que o apóstolo tem com o seu filho na fé. Pode ser perigoso a um pastor liderar o rebanho com legalismo e as vezes com certo grau de superioridade, as vezes pelo conhecimento que se tem ou pela piedade com que se vive. Paulo lembra a Timóteo que como ministro de Deus ele foi salvo pela graça (nele não havia nada de bom que o pudesse justificar diante de Deus), ele precisava de misericórdia (sem isso ele seria destruído e consumido pela ira de Deus), pois embora salvo pela graça ele continuava sendo um pecador e sujeito a pecar, ele precisava constantemente ser lembrado de que o seu relacionamento com Deus foi restaurado por meio da fé em Cristo que trouxe paz à sua vida. Mesmo que a paz não estivesse tão presente no seu ministério como pastor, ele poderia desfrutar de uma paz com Deus por meio de Jesus Cristo.

Olhando para essa saudação podemos refletir um pouco sobre a nossa própria vida e ministério.

Refletindo um pouco – enfrentando a si mesmo:

·      Quem era Paulo antes de encontrar com Jesus?

·      O que Deus fez de Paulo?

·      Você poderia dizer que é um apóstolo (de forma indireta, não como os 12 apóstolos de Cristo) de Cristo Jesus, chamado para anunciar uma boa notícia (Mc 16.15; Mt 28; At 1.8; 1Co 9.16)? O que você tem feito em relação a isso?

·      Você tem a visão de Deus como o teu Salvador? Como era a tua vida antes de ser salvo por ele? De que ele te salvou? Você entende que além de te ter salvado do inferno Ele é aquele que te sustenta e que apresentará você perfeito diante d’Ele mesmo (Fp 1.6; Jd 24,25)? Você poderia fazer uma oração de gratidão e exaltar a pessoa de Deus como o teu Salvador nesse momento? Ore de dois a dois e agradeça a Deus.

·      Qual é a tua maior esperança? A sua esperança é certa ou está baseada num otimismo vazio? Você tem colocado a sua esperança no céu ou nas coisas deste mundo? Como a esperança pode dar força a alguém que está passando por lutas? Reflita na frase: “Enquanto a esperança, há vida”. Comente!

·      Como era o relacionamento de Paulo com Timóteo? Você tem alguém que te influenciou na vida cristã como Paulo fez com Timóteo? Você já pensou em caminhar junto de algum recém-convertido? Como Deus pode te usar para compartilhar a tua fé e tua experiência de vida cristã com alguém que ainda está “engatinhando” no cristianismo?

·      Comente um pouco com o grupo como “graça, misericórdia e paz” estão associadas à tua vida. O que é a graça para você? Fale um pouco como Deus tem sido misericordioso com você. Você sente paz no seu relacionamento com Deus? Você entende que isso só vem por meio da fé em Jesus Cristo?



[1] Bíblia de Estudo NVI, pg.2065.

[2] Foco e Desenvolvimento do NT, pg. 425

[3] As fonts básicas das tabelas foram tiradas pelo Dr.Carlos Osvaldo de Donald Guthrie, New Testament Introduction, E.Edmond Hiebert, An Introduction to the New Testament, Theodor Zahn, Introduction to the New Testament, e J.N.D. Kelly, A Commentary on the Pastoral Epistles, HNTC.

[4] Novo Comentário da Bíblia, extraído do comentário da bíblia on-line versão 3.0 avançado

[5] Extraído do comentário de Adan Clark’s – Commentary on the Bible

[6] Epístolas da Prisão, Dr. Shedd, pg. 224.

[7] Chave Linguística do Novo Testamento Grego, pg.455.

[8] Chave Linguística do Novo Testamento, pg.455

[9] O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento, Editora Central Góspel, pg.586.

ENCARANDO AS RESPONSABILIDADES DO MINISTÉRIO

O DEVER DO MINISTRO DE DEUS É GUARDAR A IGREJA CONTRA O ENSINO DOS FALSOS MESTRES À LUZ DA GRAÇA E DO SENHORIO DE CRISTO

“Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé. Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola, pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações. Sabemos que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado. Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate, mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé.E dentre esses se contam Himineu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem”. (1Tm 1.3-17)

“Depois da sua libertação de Roma, Paulo mudou seus planos originais de ir à Espanha para lidar com a insidiosa heresia que ameaçava as igrejas da Ásia. Ele voltou a Éfeso e Colossos. Muito provavelmente ele lidou com o problema na cidade menor antes de chegar a Éfeso” [1]. Paulo deixa o seu filho Timóteo na cidade para “admoestar” a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina.

A cidade de Éfeso

O livro: “O Novo Testamento em Quadros” apresenta a cidade de Éfeso como uma cidade antiga de aproximadamente 200 a 500 mil habitantes. Éfeso possuía o principal porto da Ásia Menos; localizada na principla rota comercial; emancipada em 98 a.C.; os efésios eram cidadãos romanos; sofreu um terremoto devastador em 17 d.C./ seu teatro tinha capacidade para 25 mil pessoas; cidade famosa pela adoração de Artêmis, cujas sacerdotisas eram prostitutas cultuais; também era centro do templo onde se cultuava o imperador, construído por Domiciano.[2]

A nossa pergunta continua a mesma: “COMO A IGREJA DEVE VIVER PARA SER COERENTE COM O SEU CARÁTER DE CASA DE DEUS E GUARDIÃ DA VERDADE DIVINA?

Tendo um ministro cristão que defende a igreja dos falsos mestres à luz da graça e do senhorio de Cristo (v.3-20).

O Dr.Carlos Osvaldo Cardoso Pinto (p.440) afirma que:

  • A tarefa de Timóteo é de defender a igreja dos falsos mestres que promovem discussões inúteis, posam como mestres da lei, e pervertem o uso da lei (1.3-11).

A Bíblia de Estudo de Genebra, na sua introdução a epístola de 2Timóteo enfatiza que as falsas doutrinas eram provenientes do seio da própria igreja (2Tm 2.18; 4.4; 1Tm 1.6,19; 4.1; 6.10,21) e elas se caracterizavam por:

- Preocupações com fábulas ou mitos (2Tm 4.4; 1Tm 1.4; 4.7);

Segundo o Novo Comentário Bíblico do NT, a palavra “fábulas” é usada em Tito 1.14 em relação a fábulas judaicas. Genealogias, por sua vez, é usada em Tito 3.9 no contexto da Lei. Parece, assim, que os erros que Paulo desejaria que Timóteo corrigisse em Éfeso eram em essência, de natureza judaica, envolvendo especulação inútil sobre genealogias e interpretações alegóricas da Lei, como as encontradas em textos literários rabínicos como a CABALA.

- Genealogias (1Tm 1.4);

- Contendas de palavras (2Tm 2.14,13; 1Tm 6.4);

- Controvérsias (1Tm 1.4; 6.4);

- Conhecimento (1Tm 6.20);

- Loquacidade frívola (1Tm 1.6);

- Caráter ímpio (2Tm 2.16; 1Tm 6.20)

Essas falsas doutrinas incluíam a proibição do casamento e de certos alimentos (1Tm 4.3) e a crença que a ressurreição já acontecera (2.18). Aqueles que ensinavam estas falsas doutrinas também procuravam interpretar a lei judaica. (1Tm 1.7) e, por conseguinte, colocavam restrições na oração (1Tm 2.1-7).

Os líderes do movimento eram Himeneu (2Tm 2.17; 1Tm 1.20), Alexandre (1Tm 1.20) e Fileto (2.17). Alguns buscavam posições de liderança no movimento porque tinham interesses financeiros (1Tm 6.5,10). Falsos mestres criaram divisões (1Tm 6.4,5) e parecem ter sido particularmente efetivos em enganar as mulheres da igreja (2Tm 3.6,7; 1Tm 2.14; 5.11-15), talvez oferecendo-lhes posições de liderança (1Tm 2.11,12).

1.    O dever de Timóteo é defender a igreja dos falsos mestres que promovem discussões inúteis (1.3-6);

2.    O dever de Timóteo é defender a igreja dos falsos mestres que posam como mestres da lei (1.7);

Esses homens ficam posando de sábios e entendidos sobre os assuntos da lei, mas na verdade eles são caracterizados pela ignorância do verdadeiro conhecimento e da verdadeira experiência. A meta do mandamento de Cristo (cf. Jo 13.34; 15.12; Gl 6.2) é o amor, originário de um coração puro (limpo), de uma boa consciência e da fé sincera. Aqueles que a perderam de vista pelo legalismo acabaram se enredando em “discussões sem propósito algum” – a discussão de palavras sem sentido.

3.    O dever de Timóteo é defender a igreja dos falsos mestres que pervertem  o uso da lei (1.8-11)

·    A Lei é boa por natureza e tem uma finalidade apropriada (1.8);

·    A Lei como uma regra de vida não é imposta sobre os justos (1.9);

·    A Lei serve o propósito de expor os diversos tipos de pecado a que as pessoas se entregam (1.10-11).

·           A Lei é para as pessoas com atitudes pecaminosas (1.9a).

·           A Lei é para pessoas com ações pecaminosas (1.9b-11)

Unger (p.579), no seu Manual Bíblico diz que em si a lei é boa, v.8a cf.Rm 7.12, mas precisa ser aplicada (usada) de modo lícito, i.e., de modo correto ou legítimo, em harmonia com o glorioso evangelho confiado a Paulo,11. Seu propósito é condenar o pecador (o ímpio) e levá-lo ao Salvador, para que possa depois ser declarado justo pela fé (Rm 3.21-28; Ef 2.8-10). A lei, de modo algum, deve ser usada para o homem justo (justificado) , seja para justificá-lo seja para santificá-lo. Ela existe para revelar ao pecador seu pecado e sua pena longe de Cristo, 9,10. O propósito do evangelho para Unger é a boa nova que anuncia a excelência de Deus na manifestação de seu gracioso amor pelos pecadores pela salvação (Jo 3.16). O que a lei jamais poderia fazer, a graça o faz (Jo 1.17; Tt 3.4,5).

Precisamos considerar alguns fatores quando pensamos em interpretação bíblica. Segundo Marcos Granconato precisamos considerar:

•       A distinção entre preceito e princípio (Ml 3.10 cf. 2Co 9.7).

•       A simbologia da lei cerimonial (Hb 9.6-12).

•       O fim da Lei Mosaica (2Co 3.7-11; Gl 3.19, 23-25; Ef 2.14-15; Cl 2.13-14; Hb 7.12, 18-19; 8.6-7,13).

•       A perenidade da justiça que há na Lei e o cumprimento dessa justiça pela força do Espírito (Rm 7.4-6; 8.3-4; Hb 8.10-12).

Poderíamos perguntar então, qual o valor da lei? O valor da lei em forma de preceito:

•       Encerra princípios e valores justos (Rm 7.12; Gl 3.19).

•       Mostra a fraqueza moral do homem (Rm 3.20; 5.20; 7.7).

•       Como um tutor, conduz o homem a Cristo (Gl 3.23-25).

Refletindo um pouco – enfrentando a si mesmo:

  • Em que área você acha que o seu pastor deve se dedicar mais?
  • O estudo de hoje nos mostrou que o dever do ministro de Deus é defender a igreja de Cristo contra os falsos mestres. Você vê a importância desse mandamento nos dias de hoje? A igreja do senhor Jesus é ameaçada por um ensino errado?
  • De onde estavam surgindo as heresias e as fábulas e genealogias sem fim? Nós corremos o perigo de ter no nosso meio, pessoas que pensam diferente da sã doutrina? O que a igreja deveria fazer para evitar isso?
  • O que os falsos mestres estavam fazendo na igreja de Éfeso?
  • Você já ficou discutindo por questões inúteis que não te levam a lugar algum dentro da igreja e na vida cristã?
  • Quando Paulo exortou Timóteo a admoestar esses líderes, ele visava o que?
  • Por que Paulo tinha em vista o amor?
  • Nós vivemos num mundo de muitas incertezas e de grande alegorização das Escrituras. O que estava acontecendo no passado a respeito da interpretação da lei por parte de alguns da liderança e da membresia da igreja também ocorre hoje com toda a Escritura. Qual o perigo de se interpretar de forma errada o texto bíblico?
  • Você valoriza o estudo da Palavra? O que você faz que demonstra isso?
  • Você incentiva o seu líder ou pastor a estudar? A igreja tem uma verba reservada para comprar livros e comentários bíblicos para o pastor como um incentivo para que ele estude?
  • Qual o verdadeiro objetivo da lei?


[1] Carlos Osvaldo, pg.432

[2] O Novo Testamento em Quadros, c.Cidades das sete igrejas do Apocalipse.

DE ONDE VEM O ENCORAJAMENTO PARA O MINISTRO DE DEUS?

O TESTEMUNHO DE PAULO FORNECE A ESPERANÇA NECESSÁRIA PARA REALIZAR A TAREFA DE CONFRONTAR A HERESIA E OS HEREGES (1.12-17)

“Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com fé e o amor que há em Cristo Jesus. Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Tm 1.12-17).

As nuvens de boas testemunhas à nossa volta servem como um agente motivador para a vida daqueles que querem andar piedosamente e esperam com paciência a transformação de vidas de pessoas próximas ou até mesmo heréticas.

            A vida do apóstolo Paulo serve para nós como um esteio no qual podemos nos encostar e encontrar consolo e esperança.

Timóteo estava passando momentos difíceis no seu ministério em Éfeso devido aos falsos mestres que estavam ensinando coisas erradas fora da sã doutrina. Seu papel como vimos na lição anterior era fazer calar esses homens que estavam ensinando fábulas, mitos e genealogias que não traziam proveito algum para o rebanho, mas divisões e um aprendizado errado do verdadeiro significado da lei de Deus. Lidar com essas coisas dentro da igreja não é fácil e gera no líder um desgaste físico, emocional e espiritual. O grande desafio está em repreender em amor esses tipos de homens e mesmo assim esperar que o Senhor use de misericórdia com eles, transformando as suas vidas.

Quando Paulo deu o seu testemunho e fez questão de relatar por escrito aquilo que Deus havia feito em sua vida, o seu grande objetivo era trazer esperança ao coração de Timóteo em relação a esses hereges que haviam se levantado no meio da igreja.

A grande questão é: Se a graça de Deus alcançou um homem tão terrível como era o apóstolo Paulo, será que ele também não pode alcançar a quem Ele quiser? Até mesmo essas pessoas que hoje causam divisão na igreja e são contrárias à sã doutrina?

O fato é que testemunho cristão eficiente traz esperança necessária para continuar realizando a obra de Deus. Poderíamos responder então, que para a igreja viver de modo coerente com o seu caráter de casa de Deus e guardiã da verdade divina é necessário que existam modelo dentro da igreja que dêem bom testemunho para que a igreja seja tomada por esperança e não por desanimo e conformismo.

A graça de Cristo é suficiente para salvar o pior dos pecadores. “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm 1.15). Podemos perceber que a graça de Deus:

1.    Foi suficiente para transformar a vida de um pecador, blasfemo, perseguidor da igreja e insolente, num grande apóstolo e ministro do evangelho (VV.12-14);

Por essa razão ele agora:

A.    Podia render graças a Deus;

B.    Podia sentir-se fortalecido (no reconhecimento da sua fraqueza);

C.    Podia ser considerado fiel para o ministério;

D.    Podia desfrutar da fé e do amor que há em Cristo Jesus.

2.    Foi manifestada na vida de Paulo para que nele, o principal dos pecadores, Cristo pudesse evidenciar a sua completa longanimidade e ele pudesse servir de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna (VV.15,16);

A graça manifesta na vida do apóstolo é prova evidente de que Deus ama o pecador e está disposto a perdoar os seus pecados e as suas injúrias (blasfêmias). Paulo obteve misericórdia de Deus, por as blasfêmias, as perseguições e insolências que eram tão presentes na vida dele, foram feitas na ignorância, na incredulidade. Mas Deus, tendo um plano de salvação na vida do apóstolo, de evidenciar no maior dos pecadores a sua graça, salvou-o, fazendo com que a graça superabundasse no lugar do pecado. Hoje todos os homens podem se chegar a Cristo na certeza de que os seus pecados são perdoados, sejam eles quais forem.

3.    O tornam digno de louvor como Rei e Deus fazendo com que aqueles que receberam graça não consigam se contiver na adoração a Ele mesmo (v.17);

Refletindo um pouco – enfrentando a si mesmo:

  • Como era a sua vida antes de ser salvo por Cristo? (testemunho)
  • Quem você julgaria que você era? Paulo se dizia um blasfemo, perseguidor e insolente. E você o que diria de si mesmo?
  • Você sente gratidão no coração por ter sido alvo da graça de Deus?
  • Qual o objetivo da vinda de Cristo ao mundo?
  • Ele veio para julgar ou para salvar? (Leia Jo 3.16-18);
  • Ele veio salvar quem? Quem precisa de médicos? Como olhamos para os pecadores que estão à nossa volta?
  • Por que Paulo recebeu misericórdia?
  • Existe alguma diferença entre pecar consciente ou inconscientemente?
  • O que Paulo se tornou para aqueles que hão de crer no Senhor Jesus?
  • Modelo de que?
  • O que acontece com aqueles que são alvos da graça de Deus?

Você pode separar dois minutos para adorar e exaltar a pessoa de Deus pela graça d’Ele em sua vida?

QUAL A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA ECLESIÁSTICA PARA A PUREZA DA IGREJA DE DEUS?

A TRAGÉDIA DA DISCIPLINA DE HIMENEU E ALEXANDRE ALERTA TIMÓTEO PARA A NECESSIDADE DE PUREZA PESSOAL NA BUSCA DE SEU MINISTÉRIO (1.18-20)

A vida cristã é uma luta que precisa ser lutada até o fim. O indivíduo conduz a luta interiormente, no próprio peito, e exteriormente, em prol do evangelho e da justiça, no âmbito da igreja e perante o mundo. Contudo não pode ser vencida por meios carnais, apenas poderes divinos e armas espirituais levam à vitória. Da armadura do lutador Paulo cita aqui, de conformidade com a intenção de sua carta e das necessidades predominantes, apenas dois instrumentos de luta, sem os quais não se pode esperar nenhuma vitória: Timóteo deve preservar a fé e a boa consciência. Quem não sabe conservar o que lhe foi confiado tampouco é capaz de conquistar algo novo. Quem não preserva a boa consciência é como um capitão que solta o leme do navio, passando a vagar sem rumo pelas ondas até que o navio se despedace em recifes. [1]

Himeneu e Alexandre são exemplo de dois homens (2Tm 2.17,18; 4.14) que não estavam de modo algum combatendo o bom combate, mas, sim, procurando prejudicar a causa de Deus (v.18,19). Em sua autoridade apostólica, Paulo havia entregado esses falsos mestres a Satanás, 20 (cf. 1Co 5.5; 11.30-32; 1Jo 5.16). Isso implicava grave castigo (Hb 12.6), que em alguns casos, chegava mesmo à morte física.[2]

A expressão entreguei a Satanás é a mesma de 1Co 5.5. A autoridade para essa entrega era, por natureza, apostólica. Paulo não os entrega porque sejam incrédulos, mas porque estavam blasfemando. No NT, a palavra traduzida por aprendam é usada somente com referencia à disciplina de Deus para com cristãos (1Co 11.32; Hb 12.6,7,10). Paulo queria expressar que esses homens deveriam ser excluídos da Igreja, para que aprendessem a lição, se arrependessem e viessem a abandonar seu mau caminho (1Co 5.1-5).

A disciplina de Deus sempre visa o bem do cristão e da Sua igreja. Ignorar a ação disciplinar é rejeitar o método que Deus utiliza para purificar a sua igreja e apresentá-la a Si mesmo como igreja santa e sem mácula. Deus começa o juízo pela sua casa (1Pe 4.17). Ele purifica a Sua igreja para que essa tenha autoridade para testemunhar ao mundo a glória de Deus. A igreja que não julga a si mesma será julgada pelo mundo.

O versículo 18 fala a respeito de algumas profecias que foram feita a Timóteo sobre o seu futuro papel na igreja. Paulo o encoraja a que combata o bom combate (2Tm 4.7).

As três ferramentas apresentadas por Paulo para que Timóteo vencesse o bom combate são:

I.               As instruções apostólicas (v.18);

II.              A fé e a boa consciência (v.19a);

O ministério cristão é uma incessante guerra espiritual contra os inimigos de Deus. Essa luta cristã tem haver com a fé que foi entregue aos santos, pois Paulo diz: “... conservando a fé...”. Timóteo deveria permanecer fiel à Palavra e com isso a boa consciência. Paulo se refere à consciência seis vezes nas epístolas pastorais. Parece que muitas pessoas precisam usar um amplificador para poder ouvir a sua voz baixinha. A consciência só se mostra clara quando a pessoa cai em si e confessa seus pecados (1Co 11.30-32; 1Jo 1.9). Se a consciência for mantida cauterizada (1Tm 4.2), até um ministro ou evangelista é capaz de cometer terríveis pecados. A consciência de Davi não estava limpa: seu pecado estava sempre diante dele (Sl 51.3) – até que ele confessou. Muitos naufragam na fé por não confessarem os seus pecados.

III.            A disciplina eclesiástica (v.19b).

No entanto, toda a disciplina – que pode incluir enfermidade, debilitação física e espiritual, no caso extremo morte precoce – tem em vista um efeito de cura. A pessoa disciplinada deve ser salva da perdição definitiva e ser reconduzida para a vida saudável. Os que foram corrigidos devem ser levados pela disciplina a não mais blasfemar. Blasfemos e adoradores não podem viver e atuar simultaneamente na igreja, uma coisa exclui a outra. Mas também para blasfemos há esperança, como Paulo atesta com sua própria vida.

Ao ponderarmos a gravidade dessa medida que o próprio Paulo tomou, notaremos que as past foram escritas a partir de um espírito que não permite notar o menor vestígio de um suposto superficialismo e conformação da igreja ao espírito do mundo em volta. A santa seriedade de Deus paira sobre o mandamento, cujo alvo final é o amor a partir de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma fé não-fingida.

Algumas verdades apresentadas sobre a disciplina:

1.    Os ministros são autorizados a estabelecer a disciplina (Mt 18.18);

2.    Ela existe com vários propósitos em mira:

a.    Manter a sã doutrina (ver. I Tm 1.3);

b.    Repreender os ofensores (I Tm 5.20);

c.     Edificar os crentes (II Co 10.8);

d.    Preservar a decência e a ordem (I Co 14.40);

3.    Deveria ser exercida com o tempero do amor (II Co 2.6-8).

Refletindo um pouco – enfrentando a si mesmo:

  • Você já parou para pensar que a vida cristã é uma batalha?
  • Que lutas você tem enfrentando na sua vida cristã?
  • Você tem conseguido combater o bom combate ou tem sido derrotado(a) constantemente?
  • Quais armas você tem usado?
  • Você tem buscado instrução de Deus através de líderes sérios e tementes ao Senhor?
  • Como está a tua fé, você tem perseverado e crescido na fé? O que você acha que é preciso para que a fé cresça?
  • Além da fé, Paulo fala também da boa consciência como algo fundamental para a vida cristã e que muitos por não buscarem uma consciência boa acabaram naufragando na fé. Existem pecados na sua vida que ainda não foram confessados? Você está escravizado por algum pecado? O que você tem feito para vencer esse pecado na sua vida? Já pediu ajuda a algum irmão (ã) em Cristo? Já procurou o seu pastor? Não ignore a importância da boa consciência.
  • Hemeneu e Alexandre foram entregues a Satanás para aprenderem a não mais blasfemarem. Como a disciplina desses dois homens serve de alerta para o nosso caminhar cristão?
  • Como você via a disciplina antes desse estudo e como você a vê agora?


[1] Comentário Esperança, p.30.

[2] Hunger, p.580.

ORAÇÃO: MARCA FUNDAMENTAL DE UMA IGREJA MADURA

O DEVER DE TIMÓTEO É GARANTIR QUE A VIDA DA IGREJA SEJA MARCADA PELA ORAÇÃO

“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho porque se deve prestar em tempos oportunos. Para isto fui designado pregador e apóstolo (afirmo a verdade, não minto), mestre dos gentios na fé e na verdade”. (2.1-7)

“A primeira obrigação de Timóteo na área da adoração na igreja era de assegurar um suprimento contínuo de oração (2.1-7), já que a oração em favor de todos os tipos de homens, indiferente de sua posição social, se enquadra com o plano único e mundial de redenção de Cristo, o qual Paulo tinha sido encarregado de levar aos gentios” [1].

A expressão “antes de tudo” indica primazia de importância e não de tempo.[2]

A oração pública deve ser a marca de uma igreja madura.

O esboço a seguir foi retirado com adaptações do livro: “Foco e Desenvolvimento do NT” (p.441) do Dr.Carlos Osvaldo Cardoso Pinto.

1.    A oração pública deveria incluir petição geral, intercessão e ações de graça (v.1)

a.    Súplicas – (deesis) de acordo com a Chave Linguística do NT Grego (p.458), esse verbo deriva do substantivo que tem o significado de “ter audiência com o rei para apresentar um pedido”. A palavra era um termo normal para o pedido a um superior, e, nos papiros, era usada constantemente para qualquer escrito dirigido ao rei.Essa palavra enfatiza a súplica em favor de algum pedido pessoal.

b.    Orações – (proseuche) É o termo geral para a oração do povo de Deus. Essa oração era dirigida a Deus e geralmente num local específico, separado para esse fim, por exemplo: sinagoga, lugar ao ar livre onde os judeus se reunião para orar quando não tinha sinagoga, perto de rio para poderem lavar as mãos antes de orar.

c.    Intercessões – (enteuxis) sugere aproximar-se com confiança, com livre acesso a Deus.Tem o significado de “reunir-se, conversar, suplicar, entrevistar, etc.”

d.    Ações de graças – (eucharistia) é uma atitude de gratidão, o ato de louvar a Deus pelo que tem feito por nós. Oração de agradecimento. Essas marcas precisam estar presentes na vida da igreja.

2.    A oração pública deveria incluir as autoridades, para que a vida promova a piedade (v.2)

a.    Deve ser feita em favor de todos os homens – essa é uma expressão genérica usada para homens e mulheres, indiferentemente, não sendo restrita aos cristãos, mas abrangendo não cristãos também.

b.    Deve ser feita em favor do rei – da autoridade máxima de uma nação.

c.    Deve ser feita em favos de todos que se acham investidos de autoridade – numa posição de proeminência. A palavra era usada no grego helenístico para indicar a posição proeminente de uma pessoa, sua autoridade.

3.    A oração pública deveria ser motivada por sua relação com os propósitos salvíficos de Deus, com base na obra redentora de Cristo (v.2-6)

a.    O objetivo principal da oração pelos homens e líderes é a salvação deles – “o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”, que verdade? Que “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” o que ele fez? “a si mesmo se deu em resgate por todos” o que eu faço com esse conhecimento? “testemunho que se deve dar em tempo oportuno”

Um só Deus é a verdade central de toda escritura hebraica. O único Deus vivo deseja que todos sejam salvos. Ele é o único a quem nossas orações devem ser dirigidas. Ele é único, em contraste com tantos deuses adorados em Éfeso. Inclusive o próprio imperador era adorado como Deus pelos líderes da época que o viam como a pessoa suprema, o soberano de todo o mundo.

b.    O resultado do benefício da salvação dos líderes é uma vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito, isto é bom e aceitável diante de Deus nosso Salvador. Visto que as ações dos governantes afetam a sociedade como um todo, precisamos orar pelos que estão investidos de autoridade.

4.    A oração pública está, portanto, de acordo com a missão designada para Paulo, um arauto da fé entre os gentios (v.7)

A igreja não pode perder de vista esse propósito vital da oração, fazer cumprir a vontade de Deus de salvação para os gentios. Paulo via o seu ministério como algo de fundamental importância e de profunda urgência. Ele procurava testemunhar da graça de Deus em tempos oportunos e entendia que era mestre dos gentios na fé e na verdade. Fé pode se referir a crença na salvação (justificação) enquanto que “verdade” pode estar se referindo ao crescimento espiritual dos cristãos gentios (santificação). Paulo deveria pregar o evangelho aos gentios e fazê-los crescer na verdade da Palavra de Deus. Foi exatamente por esse motivo que Timóteo havia fiado em Éfeso para impedir que falsos mestres ensinassem coisas erradas.

Refletindo um pouco – enfrentando a si mesmo:

  • Você vê a oração como algo de grande primazia?
  • Qual o papel da oração na tua vida?
  • Você diria que a oração é uma marca na sua vida?
  • Quais aspectos da oração devem estar presente no culto público?
  • Você desenvolve todas essas áreas com facilidade? O que é difícil para você?
  • Você tem orado pelas autoridades que estão estabelecidas sobre a tua vida? E de todos os homens? Você ora pelos outros, pelas suas necessidades?
  • Qual a relação que a tua oração tem com o propósito salvífico de Deus? Você ora pela salvação dos homens e dos líderes?
  • Qual o benefício de fazer isso?
  • Você entende a importância da oração para o cumprimento da missão da igreja de evangelizar?
  • O que você fará para desenvolver ainda mais a tua vida de oração?


[1] Carlos Osvaldo, p.434.

[2] Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p.458.

ORIENTAÇÕES APOSTÓLICAS PARA A ORAÇÃO NO CULTO PÚBLICO

“Quero, portanto, que os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade” (1Tm 2.8)

A oração pública deve ser encarada como:

  1. Uma orientação apostólica – “Quero”. Toda a igreja de Cristo está alicerçada sobre o fundamento e a doutrina dos apóstolos (At 2.42). Não são os conceitos do mundo que devem guiar nossas ações, mas a orientação apostólica. O que os apóstolos falaram e escreveram deve ser encarado pela igreja como verdadeira e fiel Palavra de Deus. Rejeitar as instruções apostólicas é contrariar e rejeitar o próprio Deus.
  2. Uma função primeiramente masculina – “que os varões”. A palavra grega traduzida por homens nesse versículo se refere literalmente a homens, não a mulheres. Alguns interpretam como se isso significasse que os homens deveriam ser os únicos líderes na adoração pública. No entanto, Paulo fala de mulheres orando em público em outras de suas cartas. O que acontece aqui é que no mundo de Éfeso a deusa Ártemis (Diana) era adorada no seu magnifico templo. Os cultos pagãos eram ali intensos, bem como práticas diversas de ocultismo. Alguns dos novos convertidos, no entanto, levaram para a igreja local o seu velho estilo de vida e começaram a ensinar falsas doutrinas (1Tm 1.3-7). As mulheres de Éfeso, em particular, não estavam familiarizadas com a discreta e modesta conduta pública que o cristianismo exigia.

No entanto, até onde foi possível o estilo de culto era similar aos da sinagoga. Paulo enfatiza que a igreja não havia rompido com todo o costume judaico e para a maioria dos cristãos primitivos a palavra de Paulo não soa estranho aos seus ouvidos. É importante lembrar que muitos dos cristãos eram gentios convertidos e que falsos mestres estavam surgindo e ensinando doutrinas erradas e inclusive é possível que ensinassem sobre os papeis dos homens e das mulheres no culto público. O que Paulo está dizendo não é que as mulheres não podem orar no culto, mas que ao orar, deveriam orar como Ana: “Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia som nenhum” (1Sm 1.13)

  1. Uma atitude reverente – “...levantando mãos...”. A atitude na oração não é propósito. Hendriksen afirma ser uma abominação ao Senhor assumir uma postura displicente quando se presume estar alguém orando ao Senhor. As Escrituras indicam diferentes posições das mãos, dos braços e do corpo na adoração ao Senhor. Todas essas atitudes são permitidas pela Palavra (pelo menos não são condenadas) desde que simbolizem diferentes aspectos da atitude reverente de quem adora, e interpretem genuinamente os sentimentos do coração. William Hendriksen aponta algumas posturas enfatizadas na Bíblia:

a.    Em pé – Gn 18.22 – indica reverencia. Levantar ou estender as mãos.

b.    As mãos estendidas e/ou erguidas para o céu – Ex 9.29; Lc 24.50; Tg 4.8. – é um símbolo adequado de completa dependência de Deus e de humilde esperança n´Ele.

c.     Cabeça inclinada – Gn 24.48 – é a expressão externa do espírito de submissão.

d.    Os olhos erguidos para o céu – Sl 25.15; At 8.55 – indica alguém que crer que seu auxílio em de Deus e somente Dele.

e.    De joelhos – 2Cr 6.13; At 7.60; Ef 3.14 – representa a humilhação e a adoração.

f.      Prostrado com o rosto em terra – Gn 17.3; Ne 8.6; Mc 7.25; Ap 1.17 – é a manifestação de reverente temor na presença divina.

g.    Outras posições – ajoelhado com o rosto entre os joelhos (1Rs 18.42); de pé ao longe e batendo no peito (Lc 18.13) – bater no peito harmoniza-se perfeitamente com o sentimento de completa indignidade.

  1. Atitude que requer santidade – “... mãos santas...”. o que Paulo mais enfatiza nesse verso não é a posição das mãos, mas a situação da alma do adorador. Se a atitude externa não condiz com a atitude interna, tal oração não passa de espetáculo para cego ver. As mãos do adorador, daquele que ora deve ser mãos santas, mãos que não estejam contaminadas por delitos anteriores que não tenham sido confessados e reparados, quando essa “boa obra” for possível. Uma pessoa que não apresenta essa característica não deve pensar que sua oração e adoração esteja sendo agradável a Deus (Sl 24.3,4; Mt 5.23,24)
  2. Atitude de amor fraternal – “... sem ira e sem animosidade”. A indignação estabelecida contra um irmão, assemelhando-se com a do credor incopassivo da parábola (Mt 18. 21-35), faz com que a oração de uma pessoa torne-se inaceitável a Deus (Mt 6.14,15; Ef 4.31, 32; Cl 3.8; Tg 1.19). O mesmo ocorre com a animosidade ou a má deliberação. Quando um irmão começa a pensar se fará isso ou aquilo contra um irmão, contrabalançando um pensamento com outro. Quase em todas as passagens do NT que se usa a palavra deliberação está se referindo a uma atitude pecaminosa. Aqui em 1Tm 2.8 está claro pelo contexto imediato que é a isso que está se referindo.

De acordo com o versículo que acabamos de estudar os homens e não as mulheres, devem orar no culto público em voz alta, levantando mãos santas. Naturalmente os anciãos devem tomar a dianteira (1Tm 5.17). não obstante as suas mãos devem estar limpas ou santas e a oração deve ser oferecida num espírito íntegro. Se um coração de uma pessoa se enche de ira e indignação contra um irmão, a ponto de ficar planejando o mal contra o mesmo, a oração não será aceitável.

Refletido um pouco - enfrentando a si mesmo

·      Você é uma pessoa que procura seguir as orientações dos apóstolos de Cristo? Você entende que uma igreja verdadeiramente cristã está baseada no ensino dos apóstolos?

·      Você compreendeu o que Paulo ensina sobre a diferença do papel do homem e da mulher no culto público?

·      O que você aprendeu sobre a questão da expressão corporal na adoração pública? Você é uma pessoa tímida ou não sente vergonha de expressar a sua adoração a deus? Você sente vergonha de se ajoelhar no culto ou de levantar as mãos?

·      Qual a importância da pureza de coração na oração?

·      Uma pessoa que está irada com o seu irmão conseguirá oferecer a sua oração a Deus? Você tem algum problema com algum irmão seu da igreja? Você já saiu de uma igreja por problema com outro irmão? Já resolveu esse problema ou carrega o problema com você?