Introduzindo o Sermão do Monte
A família está sendo atacada! O mundo com os seus valores deturpados tentam mudar os valores e os propósitos de Deus para a família cristã. O que fazer? Fugir do mundo e das suas influências ou procurar influenciar o mundo com nossas vidas e lares?
Jesus disse que os seus discípulos deveriam exercer a função de sal da terra e luz do mundo. Ele usa figuras bem conhecidas por todos. Todas as casas por mais simples que sejam possuem sal e luz. Sal e luz são elementos que influenciam. A presença do sal é logo sentida numa comida e a luz, por mais insignificante que possa ser, é percebida no meio das trevas.
A Palavra de Deus nos diz que devemos fazer “tudo sem murmurações nem contendas,para que nos tornemos irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandecemos como luzeiros no mundo” (Fp 2.14,15). Nossas atitudes, motivadas por um coração transformado pelo Senhor, deve ser totalmente diferente das do mundo. Estamos no mundo, mas não somos do mundo. O Senhor orou para que o Pai não nos tirasse do mundo, mas nos livrasse do mal.
Quando Cristo for tudo em nós e os valores morais do reino e a justiça que vem de dentro, pela ação maravilhosa do Espírito Santo, estiverem bem presentes nas nossas vidas, então, a influência do lar cristão impactará o mundo que dia a dia perece por causa da putrefação do pecado e das trevas do engano. Lancemos luz sobre os homens, principalmente por meio de um procedimento digno do Senhor, pois somente os verdadeiros súditos do rei, é que são chamados para influênciar de modo positivo o mundo pela ânsia de verem a manifestação do reino de Deus na vida das pessoas e em seus lares.
Para quem é essa palavra?
“Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a _________________ dizendo: ...”. A quem Jesus passou a ensinar?
A palavra do sermão do monte é uma Palavra dada aos discípulos de Cristo. Os discípulos de Jesus são aqueles que deixaram para trás o que lhes era importante para caminhar com Cristo em discipulado constante. O Sermão do Monte não é dirigido a oito grupos separados e distintos de discípulos, mas são “oito qualidades do mesmo grupo de pessoas que, ao mesmo tempo, são mansas e misericordiosas, humildes de espírito e limpas de coração, choram e têm fome, são pacificadoras e perseguidas”[1]
A mensagem do Sermão do Monte pode ser encarada como uma utopia ou então, ser interpretada de forma simbólica e não literal, mas não é nesse sentido que os discípulos de Cristo devem olhá-lo e ouví-lo. É a mensagem de Deus pra nós e é o que ele diz ser o caráter dos súditos do reino. Do mesmo modo como o fruto do Espírito precisa ser amadurecido em seus nove aspectos no caráter do cristão, também as bem-aventuranças que Cristo menciona descrevem o seu ideal para cada cidadão do reino de Deus.
Apesar de crer num reino literal e milenar de Cristo sobre a terra onde os valores e o caráter do reino estarão plenamente presentes, também penso que os ideais do reino são excencialmente espirituais e, portanto, aplicáveis a cada cristão de hoje. São esses valores e esse tipo de caráter que Deus espera de nós, os seus filhos.
Sabemos que fomos criados para a glória de Deus e que Deus é mais glorificado em nós quando nos alegramos n’ele. A mensagem do Sermão do Monte afirma que os súditos do reino são “bem-aventurados”, muito felizes, mas essa felicidade não é uma felicidade subjetiva, mas objetiva. Jesus não está declarando que os seus discípulos se sentirão felizes, mas sim “o que Deus pensa delas e o que são por causa disso: são “bem-aventuradas”[2].
Essas bênçãos que acompanham esses bem aventurados são bênçãos experimentadas no presente e no futuro pelos súditos do Rei Jesus. Eles serão abençoados nos céus (v.12) (futuro), mas também já podem afirmar que “dele é o reino dos céus”(presente). O reino dos céus já é uma realidade que podemos desfrutar, “receber”, “herdar” ou “entrar” no presente, do mesmo modo que a misericórdia, o consolo, a filiação com Deus também podem ser desfrutadas agora.
Concluímos com essa introdução que o mundo está perdido e apodrecendo, mas que Deus deixou a sua igreja no mundo para influenciar positivamente esse mundo, retardando, assim, o seu processo de apodrecimento. Os súditos do reino são declarados bem-aventurados e as bênçãos prometidas a eles são experimentadas no presente e completamente no futuro. Stott (p.27) resume com tres pontos a introdução do Sermão. Ele diz que “(1) as pessoas descritas são de modo geral os discípulos cristãos, que (2) as qualidades elogiadas são espirituais e que (3) as bênçãos prometidas (como dons da graça imerecida) são bênçãos gloriosamente compreendidas pelo governo de Deus, experimentadas agora e consumadas depois”.
Olhemos agora para a “cadeia de ouro” que disse Crisóstomo a respeito das virtudes do discípulo de Cristo ou do casal cristão que é usado por Deus como sal da terra e luz do mundo.
[1] Stott, p.19.
[2] Stott, p.22